quarta-feira, dezembro 25

VIOLÊNCIA NA ESCOLA (BULLYNG ESCOLAR)

Trazemos a reflexão do Psicólogo Daniel Portela, que gentilmente se coloca a nossa disposição para responder a perguntas que podem ser postadas no espaço para comentários.


Bullying escolar

Por: Daniel Portela e Raquel Barros

A violência é um problema de saúde pública, particularmente para jovens, que aparecem nas estatísticas como os que mais morrem e os que mais matam. Um tipo desta violência é a chamada “violência escolar”, que, por definição, seria todos os comportamentos agressivos e anti-sociais, danos ao patrimônio, atos criminosos, etc. (Neto, 2005).

Uma das violências escolares é o bullying, termo utilizado para designar uma prática perversa de humilhações sistemáticas de crianças e adolescentes no contexto escolar (Palácios & Rego, 2006). Tais comportamentos são usualmente voltados para grupos com características físicas, sócio-econômicas, de etnia e orientações sexuais específicas (Smith, 2002).

Martins (2005) identifica o bullying em três grandes tipos divididos da seguinte maneira:

Diretos e físicos, que inclui agressões físicas, roubar ou estragar objetos de colegas, extorsão de dinheiro, forçar comportamentos sexuais, obrigar a realização de atividades servis, ou ameaças;

Diretos e verbais, que inclui insultar, apelidar, fazer comentários racistas ou que digam qualquer diferença do outro;

Indiretos, que inclui a exclusão sistemática de uma pessoa, realização de fofocas e boatos, ameaças de exclusão do grupo com objetivo de obter favorecimentos ou, de forma geral, manipular a vida social de um colega.

Muitas crianças têm receio de contar aos pais que estão sofrendo algum tipo de violência na escola para evitar que os agressores aumentem as provocações. Contudo, os pais podem ficar atentos a certos indicadores suspeitos:

Resistência inexplicável de ir à escola;
Medo ou ansiedade incomuns;
Distúrbios de sono e pesadelos;
Queixas físicas (dores de cabeça ou estômago em dias de aula);
Pertences “perdidos” ou que chegam com algum defeito.

Nunca perguntar diretamente se a criança ou adolescente está sendo vítima de violência, fazer perguntas como: “O que acontece durante o intervalo?” ou “Como são suas amizades?”, ser um bom ouvinte e nunca culpar a criança. Se a situação for séria o suficiente, procurar algum professor ou diretor da escola.

Há também o lado de enfrentar o agressor. Não demonstrar fraqueza pode reduzir as chances de um agressor o escolher como alvo. Algumas táticas são:

Manter postura ereta e olhar o agressor diretamente nos olhos;
Ser educado, mas firme. Dizer “Pare” ou “Me deixe em paz”;
Não chorar, mas afastar-se caso não possa esconder o medo;
Contatar a escola, mantendo o anonimato, e perguntar se há políticas contra agressores;
(Para os pais) Informar à escola datas, horas e locais, caso não vá prejudicar a criança;
(Para os pais) Acompanhar o caso junto aos administradores da escola.

Fica ainda o alerta aos pais para um novo tipo de intimidação, o cyberbullying, que é a utilização da tecnologia de comunicação (celulares, internet, etc.) para a realização de algum tipo de violência (Neto, 2005).


Referências bibliográficas

Martins, M. J. D. (2005) O problema da violência escolar: Uma clarificação e diferenciação de vários conceitos relacionados. Revista Portuguesa de Educação, 18(1), 93-105.

Neto, A.A.L. (2005) Bullying – comportamento agressivo entre estudantes. J. Pediatr. v.81, n. 5, supl.0. Rio de Janeiro.

Palácios, M., Rego, S. (2006) Bullying, mais uma epidemia invisível? Ver. Bras. Ed. Méd. v.30, n.1. Rio de Janeiro.

Revista Mente & Cérebro (2005). Abaixo os valentões. Edição 152. Duetto: São Paulo.

Smith, P. K. (2002). Intimidação por colegas e maneiras de evitá-la. In E. Debarbieux & C. Blaya (Eds.), Violência nas escolas e políticas públicas (pp. 187-205) Brasília/DF: UNESCO.

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